O hábito de estender o tempo na cama por mais alguns minutos após acordar para relaxar é comum e sadio. Entretanto, quando o desejo de permanecer deitado é constante, incontrolável ou excessivo pode indicar uma condição conhecida por clinomania. Embora o termo não seja oficialmente reconhecido como diagnóstico em manuais de saúde, está frequentemente ligado a quadros como depressão, fadiga crônica ou transtornos de ansiedade. Esse hábito erroneamente confundido com preguiça pode causar isolamento social, impactando negativamente a saúde mental e física.
Mais do que a necessidade de descansar, a clinomania pode representar um desejo de evitar responsabilidades e situações do cotidiano. Para o psicólogo Marco Aurélio, coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, esse quadro pode ser agravado por diferentes fatores. “Estresse, solidão e sobrecarga emocional podem levar a um ciclo vicioso em que o indivíduo se sente cada vez mais incapaz de realizar tarefas diárias, por mais simples que sejam”, observa. Nesses casos, o desejo de permanecer deitado intensifica, mesmo que inconscientemente.
Além de consequências para a saúde mental, como baixa autoestima, falta de motivação, alteração no humor, distúrbios do sono, ansiedade e depressão, o comportamento pode impactar negativamente a saúde física. Entre os riscos potenciais, o psicólogo cita o sedentarismo e um maior risco de problemas circulatórios e dores musculares, entre outros. Assim, sem um acompanhamento médico especializado essas condições podem evoluir para quadros mais severos.
Confusão
A clinomania costuma ser confundida com outras condições, por exemplo, preguiça extrema ou questões clínicas como síndrome da fadiga crônica, depressão ou transtorno de ansiedade generalizada. Portanto, por não ser reconhecida oficialmente como um problema de saúde e nem ter uma causa específica, quando o comportamento passa a ser constante é preciso buscar ajuda. “Nestes casos, o médico psiquiatra ou psicólogo poderão avaliar a existência de possíveis problemas de saúde, assim como causas emocionais subjacentes que levem ou intensifiquem esse quadro”, avalia o psicólogo.As medidas terapêuticas são individuais, a depender do fator desencadeante. O tratamento geralmente inclui sessões de psicoterapia, como a terapia cognitiva comportamental, que auxilia o paciente a compreender e modificar padrões de comportamento específicos. Nos casos que há relação com transtornos emocionais, a prescrição de medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos pode ser fundamental para o controle dos sintomas e a melhora da qualidade de vida.
Além disso, a promoção de hábitos de vida saudáveis tem fator terapêutico e protetivo. O psicólogo sugere praticar atividade física regularmente, adotar uma alimentação balanceada, controlar fatores estressores, evitar trabalhar ou estudar na cama e fazer a higiene do sono para o enfrentamento da clinomania. “Em algumas situações, terapias complementares como, por exemplo, acupuntura e mindfulness, também podem ser úteis nesse processo”, destaca.