Os tumores hematológicos são cânceres que afetam os componentes do sangue, incluindo a medula óssea, os linfonodos e o sistema linfático. Essa categoria de neoplasias interfere na produção e função das células sanguíneas, essenciais para o funcionamento do sistema imunológico entre outras áreas vitais do organismo. A leucemia, o linfoma e o mieloma múltiplo compreendem os principais tipos desse grupo de doenças. Dessa forma, entender as características individuais de cada um deles é fundamental para o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz.
De acordo com a literatura, cada um desses tumores possui características específicas. Os linfomas se originam nos linfócitos (principais células funcionais do sistema imune na defesa do organismo), sendo classificados em linfomas Hodgkin e não Hodgkin. A leucemia começa nas células precursoras da medula óssea que, eventualmente, se transformam em glóbulos brancos (leucócitos), sendo divididas em leucemia mieloide aguda, leucemia mieloide crônica, linfoblástica aguda e linfoblástica crônica. Já o mieloma múltiplo tem início nas células da medula óssea chamadas de plasmócitos (responsáveis pela produção de anticorpos), quando ocorre um defeito celular.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de tumores hematológicos envolve uma série de etapas e exames realizados por uma equipe médica especializada em Hematologia/Oncologia. Além de avaliação clínica e física, estão inclusos exames laboratoriais, de imagem e outros específicos de acordo com o tumor hematológico suspeito. Quando necessário, há indicação de biópsia de linfonodos. O tratamento de tumores hematológicos depende do tipo específico de câncer, do estágio da doença e das características individuais do paciente, entre outros fatores.
De acordo com o onco-hematologista Otávio Baiocchi, head do Centro Especializado em Linfoma e Mieloma do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, o receio de detecção e as incertezas de cura costumam gerar medo nos pacientes. “O diagnóstico precoce, os tratamentos disponíveis e os avanços no transplante de medula óssea possibilitam que muitos pacientes tenham desfechos bastante favoráveis com chances de cura cada vez maiores”, observa.
Mitos e verdades
- Anemia pode causar leucemia
Mito – A anemia pode ser um sintoma da leucemia, mas não é um fator de risco para o desenvolvimento da doença.
- Linfoma pode ser curado
Depende – Muitos tipos de linfoma, como o linfoma de Hodgkin, apresentam altas taxas de cura. O tratamento pode incluir quimioterapia, radioterapia e até transplante de medula óssea. Apesar de alguns tipos não serem curáveis, podem ser controlados por longos períodos.
- Mieloma múltiplo afeta apenas idosos
Mito – Apesar de ser mais comum em pessoas acima dos 60 anos, o mieloma também pode afetar adultos mais jovens. Tratamentos modernos, como terapias-alvo, permitem o controle da doença e melhoram a qualidade de vida dos pacientes.
- Transplante de medula óssea é extremamente doloroso
Mito – A doação de medula óssea é realizada com anestesia e, muitas vezes, por meio de coleta no sangue periférico, sendo minimamente invasiva. O procedimento é seguro e pode salvar vidas, sendo essencial no tratamento de várias doenças hematológicas.
- É muito difícil encontrar um doador compatível
Mito – Graças aos bancos de doadores, a exemplo do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), a busca por compatibilidade tem se tornado mais eficiente. Isso, evidentemente, aumenta as chances de encontrar um doador adequado.
- A doação de medula óssea prejudica a saúde do doador
Mito – O processo é seguro e não causa danos à saúde do doador. A medula óssea se regenera em poucas semanas.
- Muitos pacientes apresentam desfecho favorável
Verdade – Diagnóstico precoce, tratamentos disponíveis e avanços no transplante de medula óssea possibilitam que muitos pacientes tenham desfechos bastante favoráveis com chances de cura cada vez maiores.