A vaginose bacteriana (VB) é uma das doenças infecciosas vaginais mais comuns no período reprodutivo feminino. A condição é causada pelo desequilíbrio da microecologia na vagina e pela infecção mista de Gardnerella Vaginalis (GV) e bactérias anaeróbicas. A visão atual sugere que o uso de probióticos pode ser um dos métodos viáveis como terapia adjuvante ao antibiótico. Para verificar as evidências científicas, pesquisadores chineses desenvolveram uma meta-análise que avaliou o papel dos probióticos no tratamento da VB em mulheres adultas.
Os cientistas buscaram por Ensaios Clínicos Randomizados (ECRs) publicados até 7 de novembro de 2021 nos bancos de dados Embase, Cochrane Library, PubMed, Web of Science e ClinicalTrials.gov. A meta-análise foi realizada pelo software Revman 5.3 para avaliar sistematicamente a eficácia clínica da terapia adjuvante com probióticos no tratamento da vaginose bacteriana.
De acordo com os autores, o teste qui-quadrado foi utilizado para testar a heterogeneidade entre os ensaios, enquanto modelos de efeito aleatório ou fixo foram utilizados para analisar a taxa de cura da vaginose bacteriana. “As literaturas foram selecionadas e avaliadas de acordo com vários critérios de inclusão e exclusão”, relatam.
A meta-análise
Quatorze ensaios clínicos randomizados compararam a eficácia de probióticos com terapia antibiótica (grupo probióticos + antibióticos) versus antibióticos isoladamente ou placebo (grupo antibióticos + placebo) para vaginose bacteriana. Além disso, três ensaios avaliados compararam a eficácia do regime de probióticos (grupo probióticos) e antibióticos (grupo antibióticos) no tratamento de VB. Outros três compararam a eficácia do regime de probióticos (grupo probióticos) com placebo (grupo placebo).
Sintomas desagradáveis
Pacientes com vaginose bacteriana geralmente apresentam sintomas que incluem aumento da secreção vaginal, cheiro de peixe na leucorreia e prurido e queimação nas vulvas. Além disso, alguns estudos mostraram que a VB pode causar uma série de problemas de saúde como parto prematuro, inflamação pélvica, infecção e transmissão de doenças sexualmente transmissíveis – incluindo a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids).
Aproximadamente 50% das pacientes com vaginose bacteriana apresentam sintomas clínicos, que podem ser diagnosticados pelo padrão de Amsel ou pelo escore de Nugent. Os autores reforçam que o padrão de Amsel é um método conveniente e prático, amplamente utilizado como padrão ouro na clínica. Entretanto, o sistema de pontuação de Nugent mostra maior sensibilidade e menor dependência dos médicos. “Devido ao desconforto da vulva quando a VB se instala e à alta taxa de recorrência da doença, a qualidade de vida das mulheres e até mesmo sua saúde mental são significativamente afetadas”, destacam.
Conclusões
A meta-análise constatou que os probióticos podem desempenhar um papel ativo no tratamento adjuvante da vaginose bacteriana por meio da antibioticoterapia convencional. Por exemplo, a administração oral de L. rhamnose foi mais eficaz do que a aplicação vaginal de L. rhamnose no tratamento da vaginose bacteriana. De acordo com os autores, o efeito terapêutico dos probióticos varia de acordo com a via de administração e a dosagem.
“Nossa meta-análise sugere que os probióticos podem desempenhar um papel positivo no tratamento da vaginose bacteriana, mas evidências mais fortes são necessárias”, relatam. O artigo ‘Probiotics are a good choice for the treatment of bacterial vaginosis: a meta-analysis of randomized controlled trial’ foi publicado em 2022 no periódico Reproductive Health.