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Probióticos para melhorar a saúde mental

Escrito por: Adenilde Bringel

O crescente campo de investigações sobre o eixo microbioma-intestino-cérebro tem inspirado inúmeras pesquisas que visam investigar como o microbioma intestinal pode afetar a emoção humana. Com este objetivo, cientistas holandeses desenvolveram um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo para investigar o efeito de 28 dias de uso de um probiótico multiespécie no estado emocional e no processamento emocional em voluntários saudáveis.

“Pesquisas sobre o eixo microbioma-intestino-cérebro demonstraram que a comunidade microbiana intestinal pode influenciar o desenvolvimento cerebral, a neuroquímica e o comportamento”, afirmam os autores. E existem vias mecanicistas claras que podem mediar interações entre o microbioma intestinal e o cérebro, mais notavelmente através da sinalização neural, imune e endócrina.

Este estudo abrangente avaliou os efeitos de um probiótico multiespécie na regulação emocional e no humor, na tentativa de comprovar essa conexão do eixo microbioma-intestino-cérebro. As análises foram realizadas por meio de questionários, testes de processamento emocional e relatórios diários.

Para fazer parte do estudo, os participantes não poderiam ter tomado antibióticos ou probióticos nos últimos três meses, deveriam ter um índice de massa corporal (IMC) entre 18 e 30 e não poderiam estar usando medicamentos – exceção para contraceptivos hormonais para as mulheres.

O estudo

Após o teste pré-intervenção, os participantes designados para o grupo probiótico receberam 30 sachês (um para cada dia de intervenção, mais duas reservas). O sachê continha 2g de pó liofilizado de uma mistura probiótica com nove cepas: Bifidobacterium bifidum W23, B. lactis W51 e W52, Lactobacillus acidophilus W37, Levilactobacillus brevis W63, Lacticaseibacillus casei W56, Ligilactobacillus salivarius W24 e Lactococcus lactis W19 e W58.

Os participantes designados para o grupo placebo receberam 30 sachês contendo 2g de pó liofilizado contendo amido de milho e maltodextrina (sem as cepas probióticas). “O placebo era indistinguível do probiótico em cor, sabor e cheiro”, relatam os autores. Todos os participantes foram instruídos a dissolver esses sachês em água morna diariamente por um período de quatro semanas.

Posteriormente, os participantes foram submetidos à avaliação pós-intervenção, seguindo os mesmos procedimentos da avaliação pré-intervenção e no mesmo horário do dia. “Durante a intervenção de quatro semanas, os participantes foram lembrados diariamente de tomar seu sachê e solicitados a completar o relatório diário”, acentuam os cientistas. A conformidade com a intervenção foi avaliada contando o número de sachês vazios e cheios devolvidos pelos participantes na sessão pós-intervenção.

Resultados

De acordo com os cientistas, foram encontradas evidências claras de que os probióticos reduzem o humor negativo começando após duas semanas, com base no monitoramento diário. “Nossas descobertas reconciliam as inconsistências de estudos anteriores. Assim, revelamos que as avaliações pré versus pós-intervenção comumente usadas não podem detectar de forma confiável mudanças induzidas por probióticos no estado emocional de indivíduos saudáveis”, argumentam.

Os pesquisadores afirmam, ainda, que encontrar maneiras de melhorar a saúde mental e prevenir o aparecimento de sintomas psicológicos clínicos está se tornando um desafio cada vez mais importante. “Embora avanços substanciais tenham sido feitos nas áreas de Psicologia, Psiquiatria e Neurociência, permanece a necessidade urgente de identificar intervenções novas e eficazes”, argumentam.

Além de farmacoterapias, estimulação neural, terapias comportamentais e suplementos nutricionais, os probióticos têm se mostrado importantes aliados devido aos novos conhecimentos sobre o eixo microbioma-intestino-cérebro. “Vários estudos em humanos já descobriram que os probióticos podem melhorar os sintomas de depressão, ansiedade e estresse, tanto em voluntários saudáveis quanto em populações clínicas”, reforçam.

Com os resultados do estudo, os cientistas concluíram que os probióticos podem beneficiar a saúde mental na população em geral. “Ademais, podem identificar características de indivíduos que derivam o maior benefício, permitindo o direcionamento futuro de indivíduos em risco”, argumentam. O artigo científico ‘Probiotics reduce negative mood over time: the value of daily self-reports in detecting effects’ foi publicado em 2025 na Mental Health Research.

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