A poluição do ar é um grave problema de saúde pública em todo mundo, principalmente em áreas de grande concentração urbana. Assim, os poluentes atmosféricos provenientes da indústria, dos automóveis, das queimadas, entre outros, impactam negativamente a saúde humana. Nesse cenário, as crianças são as mais impactadas, por inalar e absorver mais poluentes em relação aos adultos enquanto pulmões e cérebros ainda estão em desenvolvimento. Ainda que seja difícil melhorar o índice de qualidade do ar, os impactos causados pela poluição podem ser reduzidos a partir da adoção de medidas preventivas na rotina familiar.
O aparelho respiratório humano é projetado para receber ar puro e limpo. Contudo, em razão da industrialização e poluição urbana, as pessoas estão constantemente expostas à inalação de poluentes. Nesse processo, o nariz desempenha um papel crucial como a primeira barreira de defesa contra esses agentes. Para isso, utiliza pelos nasais e muco para capturar e eliminar partículas nocivas e encaminhá-las para o aparelho digestivo, onde são neutralizadas.
Entretanto, com o aumento da poluição industrial e ambiental esses mecanismos de defesa se tornam insuficientes, especialmente em crianças. De acordo com a pneumologista pediátrica Raísa Elena Tavares Pinheiro, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, os poluentes atmosféricos variam em composição. “Com efeito, podem incluir partículas ultrafinas que transportam componentes tóxicos, vírus e bactérias para dentro do organismo, o que impacta a saúde de diferentes formas”, observa.
A exposição precoce aos poluentes atmosféricos pode afetar o desenvolvimento pulmonar em curto, médio e longo prazos. A especialista comenta que, no decorrer da vida, já há associações entre essa exposição e a evolução de patologias pulmonares por faixa etária. Como exemplos estão a prematuridade e a doença pulmonar crônica ao nascimento, asma, queda da função pulmonar, alergia e infecções respiratórias na infância. “Além disso, pode ocorrer doença pulmonar obstrutiva crônica na fase adulta”, orienta. Por fim, a poluição deixa o sistema imunológico mais fragilizado e afeta o neurodesenvolvimento, levando a resultados cognitivos mais baixos.
Proteger é possível
Apesar de a poluição do ar ser um fator de risco prevenível e modificável, depende de ações relacionadas à comunidade e à saúde pública. Alguns fatores são difíceis de serem combatidos, a exemplo da redução do tráfego veicular, emissão de gases industriais e exposição aos efeitos de queimadas e incêndios.
Entretanto, na rotina diária, os pais e cuidadores podem adotar iniciativas simples para amenizar os impactos da poluição na saúde das crianças. “Manter um estilo de vida saudável incluindo amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida, imunização de acordo com o calendário de vacinas e adoção de uma dieta saudável e equilibrada são medidas que protegem as crianças dos impactos nocivos causados pela poluição do ar”, argumenta o médico.
Fique atento!
- Incentive a hidratação com água em vários momentos ao dia.
- Utilize umidificadores de ar ou toalhas molhadas e bacias com água para deixar o ambiente de casa menos seco.
- Realize umidificação nasal, seja por meio de nebulizações ou lavagem soro fisiológico, ao menos uma vez ao dia para manter as vias aéreas livres.
- Mantenha a casa bem ventilada.
- Quando a poluição do ar é particularmente ruim, é melhor que as crianças evitem atividades intensas.
- Brincadeiras ou exercícios devem ser minimizados para crianças com condições médicas preexistentes, como asma ou outras infecções respiratórias.
- Não fume em ambientes fechados perto de crianças ou mulheres grávidas, evitando a exposição ao fumo passivo.