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Pitaya vermelha

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Pitaya vermelha fermentada com probióticos

Escrito por: Adenilde Bringel

A pitaya vermelha é abundante em pigmentos bioativos pertencentes ao grupo betalaínas e vem ganhando especial atenção devido às suas características nutricionais e funcionais. Algumas atividades farmacológicas relatadas na literatura incluem atividades cardioprotetoras, anticâncer, antidiabéticas, hipolipidêmicas e hepatoprotetoras. Além disso, a pitaya vermelha tem sido estudada devido ao seu potencial uso coadjuvante no tratamento de doenças inflamatórias do intestino.

As betacianinas vermelho-violeta presentes na fruta se destacam por suas propriedades biológicas variadas e podem ajudar a mitigar a obesidade induzida pela dieta, a resistência à insulina e a esteatose hepática. Ao mesmo tempo, modulam a microbiota intestinal aumentando a abundância relativa de Akkermansia muciniphila. Esta bactéria benéfica encontrada no intestino humano apresenta potenciais benefícios para a saúde metabólica e a integridade da barreira intestinal.

Recentemente, um estudo desenvolvido na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), em parceria com o Food Research Center (FoRC),  identificou que a polpa da pitaya fermentada com probióticos é capaz de ativar o gene ATG16L1. Este gene é responsável pela regulação da autofagia, um processo biológico de limpeza celular que remove componentes danificados e ajuda a prevenir inflamações, especialmente no intestino.

De acordo com a pesquisadora Juliana Yumi Suzuki – principal autora –, a ativação da autofagia é essencial para manter a saúde celular e para ajudar na prevenção de doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn. Além disso, o processo retarda o envelhecimento celular.

O estudo

A professora doutora Susana Saad, orientadora do estudo, afirma que a escolha de células de câncer colorretal humano nos experimentos foi estratégica. “A linhagem HCT-116, embora derivada de tumor de cólon, é amplamente utilizada em pesquisas sobre saúde intestinal, inclusive em estudos sem relação direta com o câncer”, acentua.

Além disso, as células HCT-116 expressam naturalmente o receptor de vitamina D (VDR), que foi o principal foco da investigação. Por serem originadas do cólon humano, essas células permitem avaliar como o intestino responde a processos inflamatórios e ajudam a compreender as vias de sinalização envolvidas nesses mecanismos. “O receptor VDR está presente em quase todas as células do organismo, especialmente no intestino delgado e no cólon”, explica a professora.

Desta forma, o VDR atua como um receptor nuclear e funciona como um ‘interruptor genético’ que regula a expressão de genes, quando ativado por alguns tipos de moléculas. Por estar amplamente distribuído no organismo, o VDR desempenha diversas funções biológicas. Entre seus papéis conhecidos está a regulação de genes ligados à autofagia.

Probióticos

Para o estudo, os pesquisadores utilizaram as cepas probióticas Lacticaseibacillus paracasei subsp. paracasei F-19 e Bifidobacterium animalis subsp. lactis BB-12. Ambas são  conhecidas por melhorar a composição da microbiota intestinal e fortalecer o sistema imunológico. “Em estudo anterior, observamos que a polpa da pitaya vermelha é uma excelente matriz à base de plantas para a cepa probiótica Lacticaseibacillus paracasei subsp. paracasei F-19”, afirmam os autores. Neste primeiro experimento simulado in vitro, a cepa forneceu proteção durante todo o processamento, armazenamento e estresse do trato gastrointestinal.

Resultados

De acordo com os autores, a descoberta científica mais relevante foi a constatação de que a polpa de pitaya vermelha fermentada aumentou a ativação do gene ATG16L1, independentemente da participação do receptor VDR. Até então se acreditava que esse receptor de vitamina D fosse essencial para a ativação do gene ATG16L1. O resultado foi atingido tanto com o probiótico Lacticaseibacillus paracasei subsp. paracasei F-19 quanto com o Bifidobacterium animalis subsp. lactis BB-12.

“Outra possibilidade é que a própria fermentação tenha gerado substâncias capazes de inibir ou bloquear o receptor VDR”, sugerem. Embora seja mais conhecido por sua atuação na saúde dos ossos, o VDR desempenha outros papéis importantes. Entre os exemplos estão a regulação do sistema imunológico, o controle da multiplicação das células e a manutenção da integridade da barreira do intestino. Ademais, ajuda a equilibrar a microbiota intestinal.

Como ainda não é possível compreender totalmente como esses microrganismos modulam a sinalização do VDR e contribuem para a redução de processos inflamatórios, o tema segue em estudo. “O resultado revela um mecanismo alternativo e inédito de controle da autofagia, o que abre novas possibilidades para o uso de alimentos fermentados na promoção da saúde celular”, relata a pesquisadora Juliana Yumi Suzuki. O artigo ‘Gene expression analysis and metabolomics of red pitaya fermented with probiotic strains: Implications for vitamin D receptor and inflammatory pathways’ foi publicado em 2025 no periódico científico Food Bioscience.

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