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Análise multiômica

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Perfis multiômicos no câncer de cólon

Escrito por: Fernanda Ortiz

Embora o câncer de cólon seja frequentemente tratado como uma única doença, evidências demonstram heterogeneidades biológicas e clínicas entre os tumores de cólon proximal e distal – lado direito e lado esquerdo, respectivamente. Discrepâncias entre os dois tipos foram corroboradas pela ciência, mas estavam limitadas à associação entre características clínico-patológicas e perfis genéticos. Entretanto, um estudo de análise multiômica conduzido por pesquisadores chineses explicou as diferenças específicas entre os dois tipos de tumor de cólon.

A análise multiômica combinou regulação genética, microbiota e metabólitos. Para as análises, fezes e espécimes tumorais frescos foram obtidos prospectivamente de pacientes com câncer colorretal esporádico primário (CCR) e controles saudáveis. Os pacientes eram ​​atendidos no Fudan University Shanghai Cancer Center, em Xangai, na China. Nenhum dos participantes foi tratado com quimioterapia, antibióticos ou probióticos um mês antes da inscrição no estudo.

O estudo

A pesquisa foi dividida em duas coortes. Uma envolveu sequenciamento do gene 16S rRNA (16S-seq) e a outra foi de análise multiômica (metagenômica, metabolômica, sequenciamento do exoma completo do tumor e sequenciamento do transcriptoma). Na coorte 16S-seq, formada por controles saudáveis e pacientes com CCR – 264 no total –, as amostras fecais foram coletadas no pré-operatório e detectadas usando sequenciamento do gene 16S rRNA. “Os dados foram analisados ​​para procurar bactérias que estavam associadas à localização do tumor”, explicam os autores.

Na coorte de análise multiômica, amostras fecais de 230 pacientes pré-operatórios com CCR e controles saudáveis ​​foram coletadas. Posteriormente, as amostras passaram por sequenciamento metagenômico e LC-MS (cromatografia líquida – espectrometria de massa). O objetivo dos cientistas era obter insights profundos sobre as espécies da microbiota intestinal e identificação de metabólitos.

Achados

Os cientistas identificaram perfis únicos do microbioma intestinal, metaboloma e genoma do hospedeiro entre os cânceres de cólon proximal e distal. As bactérias Flavonifractor plautii (Fp) e Fusobacterium nucleatum, assim como os metabólitos L-fenilalanina e os genes do hospedeiro PHLDA1 e WBP1, foram as principais características ômicas do câncer de cólon proximal (direito).

Em contrapartida, as bactérias Bacteroides sp. A1C1 e Parvimonas micra, os metabólitos L-citrulina e D-ornitina e os genes do hospedeiro TCF25 e HLA-DRB5 foram considerados as características ômicas dominantes no câncer de cólon distal (esquerdo). De acordo com os autores, esse foi o primeiro estudo a relatar o eixo associado ao câncer de cólon proximal de Fp – fenilalanina – WBP1. “Nossos dados sugerem que o enriquecimento de Fp neste tipo de neoplasia pode estar relacionado à mutação do gene WBP1”, destacam.

Além disso, descobriram que a espécie Flavonifractor plautii está correlacionada negativamente ao PHLDA1 – novo alvo p53 identificado que atua como um gene supressor de tumor. Os autores concluem que tais descobertas fazem a ponte entre os flavonoides associados à dieta, microbiota e ao genoma do hospedeiro. O artigo ‘Distinct microbes, metabolites, and the host genome define the multi-omics profiles in right-sided and left-sided colon cancer’ foi publicado em dezembro de 2024 revista Springer Nature.

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