De acordo com o Ministério da Saúde, 1 a cada 10 nascimentos no Brasil ocorre antes da hora, colocando o país entre os 10 com maior índice de partos prematuros no mundo. A prematuridade é uma condição que pode trazer diversas complicações para o recém-nascido, já que os órgãos ainda não estão totalmente desenvolvidos. A chegada de um bebê antes do tempo considerado normal, bem como a expectativa do que pode acontecer durante o nascimento, o tempo de UTI e o desenvolvimento do bebê são pontos importantes do parto prematuro.
Segundo o médico pediatra e neonatologista Juhir Paulo Braglia Junior, professor da UniSul/Inspirali, o bebê é considerado prematuro quando nasce abaixo de 37 semanas de idade gestacional. Além disso, existem diferentes graus de prematuridade. Prematuro extremo são bebês que nascem antes de 28 semanas; e prematuro muito pré-termo são os que nascem entre 28 e 32 semanas. “Já o prematuro moderado chega entre 28 e 37 semanas, sendo que entre 34 e 37 são bebês pré-termo tardio”, explica.
A prematuridade pode representar risco para o bebê dependendo do grau e das causas, das condições de gestação e do parto. Para a mãe, representa risco quando for causada por determinadas enfermidades como doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) e descolamento prematuro da placenta (DPP).
Cuidados após o parto
O recém-nascido precisa de muitos cuidados depois do parto e, quanto maior a prematuridade, mais atenção é necessária. Geralmente, o bebê necessita de internação por risco de hipoglicemia, hipotermia e outras complicações. Entretanto, um prematuro tardio pode escapar de uma internação desde que tenha o parto próximo ao termo e peso adequados, sem outros fatores de risco associado. Os cuidados com a mãe dependem de ter alguma doença ou problema que levou à prematuridade.
O médico Juhir Paulo Braglia Junior lembra que, fazendo o pré-natal adequado, pode ser verificado se a gestante tem risco ou indícios de trabalho de parto prematuro. “Além de cuidados como repouso, abandono de tabagismo e drogas, se for o caso, manter alimentação balanceada e, principalmente, ter acesso ao pré-natal adequado são questões fundamentais”, explica.
O bebê prematuro recebe alta hospitalar dependendo dos protocolos de cada serviço de Neonatologia. Mas, em geral, é liberado da internação quando a idade gestacional está corrigida em torno de 35-36 semanas, se estiver respirando em ar ambiente, com peso em torno de 2 quilos e aumentando. Além disso, precisa estar com toda a dieta via oral e totalmente curado de outras comorbidades que possa ter apresentado ao nascer.
Na pós-alta, é preciso ter cuidado com ganho de peso, desenvolvimento neuropsicomotor e realizar acompanhamento com especialistas, se for o caso, como neurologista, gastroenterologista, cardiologista e fisioterapeuta. “Tudo vai depender da condição clínica na alta”, reforça o especialista.
Risco
Existem alguns fatores que podem desencadear um nascimento prematuro. Dentre eles estão as doenças maternas existentes antes da gravidez, como trombofilia ou doenças autoimunes. Além disso, enfermidades adquiridas na gestação, por exemplo, infecções congênitas e do tipo corioamnionite, doença hipertensiva específica da gravidez, descolamento de placenta e placenta prévia podem levar à prematuridade.
Também há condições anatômicas da gestante que podem levar ao parto prematuro, como útero bicorno e incompetência istmo cervical. Além disso, tabagismo, uso de drogas, desnutrição materna, trauma por acidente e violência doméstica colaboram para os partos prematuros.
Já as sequelas da prematuridade vão depender do grau, das condições do parto e do período neonatal. “O prematuro pode ter dificuldade de desenvolvimento na infância conforme o fator que levou à prematuridade, como as condições da gestação, o parto e o período neonatal”, detalha o médico. Para a mãe, as possíveis sequelas dependem das doenças que levaram à prematuridade.