O
é uma doença complexa com desenvolvimento associado a fatores de risco ambientais, genéticos e biológicos. No entanto, mais da metade das mulheres que desenvolvem a doença não têm fatores de risco conhecidos, predisposição genética ou foram expostas a fatores de risco ambientais conhecidos. Para confirmar a hipótese de possíveis fatores contribuintes, pesquisadores investigam a microbiota intestinal de mulheres com câncer de mama e mulheres saudáveis.
Ao comparar a microbiota intestinal de mulheres com câncer de mama e mulheres saudáveis, estudos revelaram diferenças na quantidade e diversidade de vários gêneros. Além disso, o uso de antibióticos tem sido associado a um risco aumentado de câncer de mama, provavelmente devido aos efeitos na microbiota intestinal.
Além disso, uma ligação entre a doença periodontal e o câncer também foi sugerida por vários estudos que analisaram tanto os tipos específicos de câncer quanto a taxa total geral de câncer e a relação com a doença periodontal. Por isso, um grupo de pesquisadores norte-americanos realizou um estudo que caracterizou e comparou a microbiota fecal e oral de mulheres com câncer de mama em estágio inicial (CM), mulheres com carcinoma ductal insitu (CDIS) e mulheres saudáveis.
O microbioma intestinal abriga milhares de espécies bacterianas que são afetadas por genética do hospedeiro, estilo de vida e fatores ambientais. Assim, alterações nessas comunidades microbianas têm sido associadas a uma variedade de doenças, incluindo doença inflamatória intestinal, obesidade, diabetes, artrite reumatoide, doenças cardiovasculares e câncer.
Alterações encontradas
Amostras fecais e orais foram coletadas de pacientes recém-diagnosticadas, antes de qualquer terapia, e caracterizadas usando sequenciamento 16S rRNA. “As medidas de diversidade alfa microbiana intestinal foram significativamente menores na coorte câncer de mama em estágio inicial quando comparada com o grupo saudável”, relatam os autores. A diversidade beta diferiu significativamente entre os três grupos analisados e vários táxons diferencialmente abundantes foram identificados.
O agrupamento da microbiota intestinal identificou cinco guildas bacterianas dominadas por Prevotella, Enterobacteriaceae, Akkermansia, Clostridiales ou Bacteroides. As guildas Bacteroides e Enterobacteriaceae foram significativamente mais abundantes nas pacientes no estágio inicial em comparação com controles saudáveis, enquanto a guilda Clostridiales foi mais abundante no grupo saudável.
Finalmente, a predição de vias funcionais identificou 23 vias que diferiam entre a microbiota intestinal de mulheres com câncer de mama e saudáveis. O achado incluiu biossíntese de lipopolissacarídeos, biossíntese e metabolismo de glicanos, metabolismo de lipídeos e metabolismo de esfingolipídios. “Em contraste com os microbiomas intestinais, não houve diferenças significativas na diversidade alfa ou beta nos microbiomas orais. Ademais, foram observados poucos táxons diferencialmente abundantes”, ressaltam os autores.
A análise de fatoração de matriz não negativa das amostras de microbiota oral identificou sete guildas dominadas por Veillonella, Prevotella, Gemellaceae, Haemophilus, Neisseria, Propionibacterium e Streptococcus. No entanto, nenhuma delas foi diferencialmente associada às diferentes coortes.
“Nossos resultados sugerem que alterações na microbiota intestinal de mulheres com câncer de mama podem fornecer a base para intervenções direcionadas ao microbioma intestinal para melhorar os resultados do tratamento e o prognóstico de longo prazo da neoplasia”, pontuam os autores. O estudo ‘Gut and oral microbial compositional differences in women with breast cancer, women with ductal carcinoma in situ, and healthy women’ foi publicado em outubro de 2024 no American Society for Microbiology – doi: https://doi.org/10.1128/msystems.01237-24.
