A agitação é um sintoma neuropsiquiátrico comum observado em 45% de pacientes com doença de Alzheimer ou demência. Os sintomas são caracterizados por atividade motora excessiva e agressão física, que causam incapacidade excessiva. A agitação está relacionada ao declínio da função cognitiva, ao comprometimento das atividades da vida diária e à progressão da enfermidade. Além disso, a condição causa sobrecarga aos cuidadores, aumento do tempo de enfermagem e de observação, admissão mais precoce em estabelecimento de saúde e maiores custos com os cuidados de saúde.
Estimativas indicam que a prevalência da demência em nível mundial mais do que duplique até 2050, aumentando significativamente a prevalência da agitação na doença de Alzheimer. Em países com maiores índices de idosos, como o Japão, estimam-se que a prevalência da demência em pessoas com 65 anos de idade ou mais exceda os 25% até 2045. Paralelamente, espera-se que o número de pacientes com doença de Alzheimer nos Estados Unidos mais do que duplique até meados deste século, impulsionado principalmente pelo envelhecimento da geração Baby Boomer.
Medicamento
Em 2023, o brexpiprazol foi o primeiro e único medicamento aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) – órgão regulador de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos – para o tratamento da agitação associada à doença de Alzheimer. Em 2024, o medicamento foi aprovado para a mesma indicação no Canadá e nas Filipinas. No entanto, ainda não está aprovado em outros países e o conhecimento clínico do remédio em todo o mundo ainda está em evolução.
“Estudos realizados com o brexpiprazol demonstram melhora estatisticamente significativa em relação ao grupo de placebo”, afirmam pesquisadores japoneses que realizaram um estudo sobre o medicamento. De acordo com os cientistas, as pesquisas anteriores foram conduzidas nos Estados Unidos e na Europa e tiveram uma representação muito baixa de populações asiáticas. Considerando esta situação, foi realizado um estudo para confirmar se o brexpiprazol é eficaz e bem tolerado em outras populações.
Para o estudo, mulheres japonesas de 55 a 90 anos de idade, com agitação causada pelo Alzheimer, receberam brexpiprazol para avaliar a eficácia, segurança e tolerabilidade do medicamento. “O estudo compreendeu um período de triagem de até 42 dias, mais de 10 semanas de tratamento com o medicamento brexpiprazol (1mg/dia ou 2mg/dia) ou placebo, e acompanhamento de 28 dias”, explicam os responsáveis.
Em conclusão, o estudo mostra que o tratamento com brexpiprazol 2mg/dia durante 10 semanas demonstrou melhora estatisticamente significativa no desfecho primário de eficácia em relação ao placebo. Além disso, a eficácia do brexpiprazol 1mg/dia foi confirmada pela primeira vez. Em relação à tolerância, o tratamento com brexpiprazol durante 10 semanas foi aprovado. “Embora a incidência de eventos adversos tenha sido maior do que nos estudos globais, isso pode ser devido às diferentes características dos pacientes”, afirmam os autores. O estudo ‘Brexpiprazole treatment for agitation in Alzheimer’s dementia: A randomized study’ foi publicado em setembro de 2024 no Alzheimer’s & Dementia The Journal.