As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Só no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), são mais de 1.100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, 1 a cada 1,5 minutos (90 segundos) devido a complicações relacionadas ao coração e à circulação. Para minimizar esses desfechos, muitos hospitais possuem setores de hemodinâmica. Na Cardiologia, a hemodinâmica é uma tecnologia de diagnóstico para identificar o estado de circulação das artérias coronarianas e a possibilidade de infarto do miocárdio, por exemplo. Com técnicas minimamente invasivas, a técnica possibilita a realização de procedimentos eletivos ou de urgência, essenciais para diagnóstico e tratamento eficazes.
De acordo com o médico cardiologista Wlademir do Santos Junior, do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), em São Paulo, além de ter função terapêutica, a hemodinâmica contribui para o diagnóstico minucioso das doenças cardiovasculares. “Através de técnicas minimamente invasivas, é possível realizar procedimentos com maior precisão e agilidade, essenciais para minimizar danos e salvar vidas”, avalia. Os principais exames realizados via hemodinâmica são o cateterismo diagnóstico, que consegue identificar as coronárias com obstruções. E, sequencialmente, a angioplastia para desobstruir as artérias que estejam estreitadas ou bloqueadas, impedindo um quadro de infarto.
Atuação conjunta
Ambos os procedimentos são realizados através da inserção de um catéter, via punção de uma artéria ou veia, no braço ou na perna. Durante o cateterismo, um contraste é aplicado para verificar em tempo real a circulação sanguínea dentro do coração e identificar pontos exatos de obstrução. “Em casos de infarto do miocárdio, a obstrução de uma artéria coronária interrompe o fluxo sanguíneo para uma parte do coração. Com isso, causa danos ao tecido cardíaco”, descreve o especialista. Quanto mais rápido o atendimento e diagnóstico forem realizados, maiores serão as chances de sobrevivência do paciente.
Localizados os bloqueios, realiza-se a angioplastia coronária, que consiste na desobstrução da artéria. “Com a ajuda de um balão, a placa de gordura é empurrada e permite que o sangue volte a fluir. A depender do caso, há a possibilidade de colocar um stent – pequena endoprótese expansível de metal – para impedir que o vaso se feche novamente”, detalha o cardiologista. Esse procedimento é altamente eficiente, pois abre rapidamente a artéria bloqueada, restaurando o fluxo sanguíneo e limitando os danos ao coração. A escolha pelo uso do stent depende da avaliação cuidadosa da obstrução, das características da lesão e das condições clínicas do paciente.
Benefícios da hemodinâmica
A presença de um setor de hemodinâmica nos hospitais faz uma diferença significativa nos atendimentos de urgências cardiovasculares. Além de salvar vidas, os benefícios das tecnologias alocadas incluem a recuperação mais rápida do paciente, menores chances de sequelas e a possibilidade de tratar idosos e pessoas com comorbidades. “Com um grande leque de atuação, o serviço de hemodinâmica permite diagnósticos e tratamentos precisos em diversas áreas da medicina”, finaliza o cardiologista. Dessa forma, oferece aos pacientes e às equipes médicas uma importante ferramenta na prevenção e no enfrentamento de uma série de problemas de saúde.