A necrose avascular da cabeça femoral é uma condição séria que afeta a articulação do quadril a partir da redução ou interrupção do fluxo sanguíneo para a cabeça do fêmur. Também conhecida como osteonecrose da cabeça do fêmur, normalmente atinge homens jovens com idade entre 30 e 50 anos. A condição pode causar dor, limitação do movimento, colapso articular e osteoartrite secundária. Quando diagnosticada precocemente, medidas terapêuticas podem retardar ou prevenir a progressão. Entretanto, em estágios mais avançados, a substituição da articulação pode ser necessária para manutenção da função e alívio dos quadros de dor.
De acordo com o ortopedista e oncologista ortopédico Fábio Elói, médico titular do Núcleo de Ortopedia Oncológica do Centro de Referência de Sarcomas Ósseos e Tecidos Moles do AC Camargo Câncer Center, diversos fatores que causam a interrupção do fluxo sanguíneo podem estar relacionados ao desenvolvimento da necrose avascular da cabeça femoral. “Traumas no quadril, como fraturas ou luxações; doenças hematológicas, a exemplo da anemia falciforme ou doença de Gaucher; uso prolongado de corticosteroides, que aumentam risco de necrose; e doenças autoimunes são fatores de risco importantes”, enumera. Além disso, o consumo excessivo de álcool ou tabagismo pode estar associado à condição.
No estágio inicial a doença pode ser assintomática. “Nesta fase, mesmo que já exista necrose avascular, o osso ainda não demonstra sinais radiográficos visíveis de alterações”, observa o médico. No entanto, à medida que a doença progride pode ocorrer dor persistente na região do quadril, irradiando para a virilha, glúteos ou coxas. Ademais, o paciente pode ter dificuldade de movimento na articulação do quadril e para caminhar. O especialista ressalta que, sem o tratamento adequado, a necrose avascular pode levar ao colapso da cabeça femoral, resultando em artrose grave do quadril e perda da função.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da necrose avascular da cabeça femoral é feito pelo médico ortopedista, com o auxílio de exames de imagem. “A ressonância magnética consegue identificar a necrose nos primeiros dias após a interrupção do fluxo de sangue. Enquanto, nas fases mais avançadas da doença, uma simples radiografia já identifica o problema”, comenta o médico.
Mesmo que a condição se manifeste em apenas um dos lados do quadril, a recomendação é observar, também, o lado não acometido. Em até 70% dos pacientes, a doença pode ocorrer em ambos os lados, porém, em momentos diferentes. O especialista acrescenta que o diagnóstico precoce é importante para impedir possíveis complicações e sequelas relacionadas ao avanço da doença.
A abordagem terapêutica adotada dependerá do estágio do problema. A fase inicial do diagnóstico inclui repouso, com a redução da carga sobre a articulação para evitar o agravamento da necrose. Inclusive, a recomendação é de uso de muletas para evitar o colapso ósseo. “Além disso, a prescrição de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios pode controlar a dor e a inflamação, e a fisioterapia é importante para fortalecimento dos músculos ao redor da articulação e melhora da mobilidade”, pontua o médico. Em casos mais graves, a cirurgia pode ser indicada para reparar o osso danificado ou substituir a articulação do quadril por uma prótese.
