A dermatite atópica, também conhecida como eczema, é uma doença cutânea crônica e inflamatória. Não contagiosa e com causa multifatorial, pode ser acompanhada de outros tipos de atopia como asma ou rinite alérgica. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a condição afeta principalmente crianças na primeira infância. Em alguns casos pode ter início na adolescência ou vida adulta, com maior incidência entre as mulheres. Os sintomas, como coceira persistente, vermelhidão e lesões na pele, podem ser controlados com tratamento e desaparecer à medida que a pessoa envelhece. Entretanto, o aspecto de pele ressecada e sensível que é característico da doença pode ser permanente.
Considerada uma doença de base genética, indivíduos com histórico familiar de alergias como asma, rinite alérgica e até mesmo conjuntivite têm maior probabilidade de desenvolvê-la. “Outras causas associadas incluem defeitos na barreira e disfunções no sistema imunológico e fatores ambientais, como exposição a alérgenos, poluentes e mudanças climáticas”, comenta o médico alergologista Ricardo Queiroz, do São Cristóvão Saúde. Em geral, essa condição intercala episódios de crise e períodos sem sintomas, de maneira que as crises ocorrem em intervalos de dois ou três meses.
Sintomas
De acordo com o especialista, a doença é caracterizada por uma inflamação da pele que causa coceira intensa. Como consequência, o indivíduo apresenta sintomas como pele ressecada e sensível, placas vermelhas e feridas, que podem evoluir para quadros infecciosos. “A hipersensibilidade é considerada grave quando os eczemas atingem várias áreas do corpo e o indivíduo não responde ao tratamento”, destaca. Em bebês, as lesões predominam na região do rosto, pescoço e couro cabeludo. Já em crianças maiores, adolescentes e adultos, a dermatite atópica atinge as dobras de braços e pernas, rosto e pescoço.
Além dos sintomas no corpo, podem ocorrer prejuízos na qualidade de vida do paciente. Entre as condições associadas estão qualidade do sono inadequada, devido à coceira intensa; baixo rendimento escolar ou profissional, causado pelo desconforto do prurido; e problemas sociais e de relacionamento, devido ao impacto estético na pele. Ademais, a condição pode ser agravada por fatores que levam ao maior ressecamento da pele. “Entre os exemplos estão sudorese excessiva, baixa umidade no ambiente, banhos demorados com água quente, roupas de lã, tecidos sintéticos e ásperos em contato direto com a pele e situações de estresse”, aponta.
Alívio dos sintomas
Embora a dermatite atópica seja uma condição crônica, existem várias abordagens de tratamento disponíveis para aliviar os sintomas e controlar as crises (veja abaixo). Por impactar o bem-estar emocional e a qualidade de vida, o acompanhamento psicológico também é fundamental. “Como a pele sofre alterações importantes e visíveis, não é incomum que esses pacientes apresentem mudanças no comportamento, isolamento, alterações do humor e do sono”, destaca o médico. Portanto, além do tratamento medicamentoso, uma rede de apoio de acolhimento e a terapia comportamental são importantes no processo de enfrentamento da doença. Ademais, ajudam a reduzir os impactos negativos no bem bem-estar emocional, prevenindo os quadros de ansiedade e depressão que são comuns nesses pacientes.
Tratamento e cuidados
- Manter a pele bem hidratada é fundamental para melhorar sua barreira natural
- Uso de medicamentos tópicos, como hidratantes (emolientes), pomadas à base de corticoides e retinóides, reduzem a inflamação e a coceira durante as crises
- Podem ser indicados anti-histamínicos orais para aliviar a excitação e melhorar o sono
- Medicamentos imunossupressores ajudam a controlar a resposta imunológica exacerbada
- Imunobiológicos (anticorpos monoclonais e os inibidores de pequenas moléculas) podem ser indicados para casos não responsivos ao tratamento convencional
