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Botulismo precisa de detecção precoce

Escrito por: Elessandra Asevedo

Considerado uma doença rara, mas grave, o botulismo é causado pela ingestão de toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum. Em 2024, o Brasil registrou novos casos da doença e esse surto acendeu o alerta sobre práticas inadequadas de preparo e conservação de alimentos, especialmente artesanais. Além disso, é fundamental fazer o diagnóstico rápido para evitar complicações graves.

De acordo com a médica infectologista e patologista clínica Carolina Lázari, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), o botulismo resulta de uma toxina que compromete as funções vitais, como a respiração. Assim, leva à paralisia flácida descendente que pode ser fatal se não tratada rapidamente.

A forma mais comum de transmissão é o consumo de alimentos contaminados, como conservas artesanais, carnes curadas e queijos caseiros. “Embora os alimentos industrializados sigam normas rígidas de segurança, podem ocasionar casos frequentemente relacionados a conservas vegetais, enlatados e embutidos”, acrescenta.

Os produtos caseiros ou de produção artesanal em estabelecimentos menores oferecem maior risco devido à falta de higiene e de condições inadequadas de armazenamento e conservação de alimentos. De acordo com a médica, os sintomas surgem de horas a dias após a ingestão do alimento contaminado, começando com visão dupla, boca seca, dificuldade para falar e engolir e progressão para paralisia facial e muscular. Quando há a paralisia dos músculos respiratórios pode haver a necessidade de ventilação mecânica.

Como diagnosticar

O médico deve suspeitar de botulismo quando há paralisia descendente e histórico de consumo de alimentos de risco. O diagnóstico clínico é essencial, pois a confirmação laboratorial da toxina é complexa e realizada apenas em laboratórios de referência. “Esses exames laboratoriais, apesar de demorados, são essenciais para a vigilância epidemiológica e medidas preventivas”, orienta a médica. O diagnóstico precoce e a notificação às autoridades de saúde são cruciais para controlar a disseminação da doença.

Já o tratamento envolve a administração do soro antibotulínico, que deve ser aplicado o mais rapidamente possível para neutralizar a toxina e prevenir complicações graves. Em casos avançados, o suporte em unidades de terapia intensiva pode ser necessário, principalmente se precisar de ventilação mecânica.

Prevenção

A prevenção do botulismo exige rigor no preparo e conservação de alimentos, especialmente os artesanais. A esterilização adequada de conservas e a refrigeração dos alimentos são fundamentais para evitar a proliferação do Clostridium botulinum. “Em casa, é importante evitar alimentos com embalagens estufadas ou latas amassadas, que podem sinalizar contaminação”, destaca a infectologista.

Além disso, o papel das autoridades de saúde é essencial para monitorar surtos e garantir que as práticas de produção sigam padrões de segurança, reduzindo o risco de novas ocorrências. “A conscientização sobre os riscos e as medidas preventivas são as melhores formas de evitar essa grave doença”, sinaliza a médica.

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