A anquiloglossia ocorre quando uma pequena porção de tecido embrionário, que deveria ter sofrido apoptose durante o desenvolvimento, permanece na face ventral da língua. Essa anomalia congênita caracteriza-se por um frênulo lingual anormalmente curto e espesso ou delgado, que pode restringir os movimentos da língua em diferentes graus. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a prevalência da condição em neonatos varia de 0,1% a 12% entre os diferentes estudos observacionais, chegando a quase 20% em alguns trabalhos específicos.
Por causa da alteração, os bebês têm dificuldades de pegar a mama, sugar e até engolir o leite materno. Ademais, a anquiloglossia causa dores e fissuras nos seios da mãe, o que pode contribuir para o desmame precoce. “Além de prejuízos para o aleitamento materno, que é essencial até os seis primeiros meses de vida, o problema pode desencadear má digestão, problemas ortodônticos, alterações motoras e irritabilidade”, explica a pediatra Michelle Marchi de Medeiros, coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Maternidade do Vera Cruz Hospital, em Campinas.
Teste para identificar
O diagnóstico pode ser realizado pelo teste da linguinha, que deve ser feito por um profissional de saúde qualificado – como um fonoaudiólogo. Em junho de 2014 foi instituída a Lei Federal 13.002 que torna obrigatório, em todas as maternidades brasileiras, a realização do protocolo que avalia a anatomia e função da língua nos recém-nascidos. “O procedimento é rápido, indolor e eficaz, possibilitando o diagnóstico e a indicação do tratamento precoce das limitações dos movimentos da língua”, adiciona a especialista.
Tratamento
A correção mais adequada para cada caso será avaliada pela equipe médica. Geralmente, o procedimento adotado é a frenectomia lingual, uma pequena cirurgia que remove o frênulo lingual. O procedimento pode ser realizado por especialistas em cirurgia pediátrica, otorrinolaringologia ou odontopediatria.
Na cirurgia com anestesia local, o freio lingual é seccionado com um bisturi e, em alguns casos, é necessário dar pontos. O procedimento é realizado em poucos minutos, restabelecendo o movimento da língua. “A reabilitação pode incluir, ainda, fisioterapia especializada e fonoaudiologia”, indica a pediatra.