Complicações durante o pré-natal ou a necessidade de proteger a saúde da mãe e do bebê podem levar a um parto pré-termo, ou seja, antes de 37 semanas de gestação. Nestes casos, a experiência de ter um bebê prematuro é uma jornada única, emotiva e desafiadora. Mais do que o cuidado com os bebês, os pais de prematuros passam a ter uma rotina hospitalar exaustiva devido à constante incerteza sobre o estado de saúde do filho. Além disso, o receio pelas notícias e a intensa rotina hospitalar tornam esse período exaustivo e, muitas vezes, solitário. Por esse motivo, o acolhimento aos pais de prematuros é necessário e valioso.
De acordo com a psicanalista Simone Dantas, coordenadora do Núcleo de Saúde Mental da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Cuidadores de Bebês Prematuros (ONG Prematuridade.com), esses pais enfrentam momentos difíceis de incerteza, preocupação e ansiedade. A angústia não se limita apenas em relação à saúde do próprio filho, mas de outros prematuros que estão ao seu redor. “São momentos de muita fragilidade que podem, sem o acolhimento devido, fazer com que essa mãe e pai apresentem sintomas de ansiedade e depressão”, explica.
Neste cenário, o acolhimento aos pais de prematuros se destaca, principalmente, como um espaço de escuta. Por meio de conversas individuais ou em grupos de apoio, as famílias encontram ambientes seguros para compartilhar experiências, sentimentos, dúvidas, expectativas e, em alguns casos, as dores da perda prematura de um filho.
“Através de um olhar empático e compreensão mútua, os pais podem se expressar sem medo de julgamentos”, observa a psicanalista. Independentemente do formato de acolhimento oferecido por hospitais ou entidades, esses grupos de apoio têm sido de grande ajuda aos pais. Afinal, nesses ambientes os pais encontram suporte emocional e estratégias para lidar com os desafios do dia a dia.
Validação de sentimentos
De acordo com a especialista, é primordial validar todos os sentimentos que surgem durante esse período. “A mãe de um bebê prematuro precisa compreender que é natural sentir raiva, tristeza e até mesmo desesperança, pois essas emoções fazem parte da maternidade prematura”, comenta. Entretanto, com o apoio empático e acolhedor – seja da família ou dos profissionais da saúde – pais e mães podem encontrar forças para enfrentar os desafios e construir um vínculo significativo com seus bebês, mesmo em situações tão adversas.