Os casos de diabetes infantil têm crescido em todo o mundo. Informações do Atlas da Federação Internacional de Diabetes mostram que o Brasil ocupa o 3º lugar no ranking mundial de incidência do diabetes mellitus tipo 1 (DM1). Essa forma autoimune acomete mais de 92 mil crianças e adolescentes no País. Essa doença crônica impede o pâncreas de produzir insulina e pode surgir em qualquer fase da infância. Silenciosa, a condição merece atenção redobrada para evitar complicações ao longo da vida. Já o diabetes tipo 2 tem se tornado mais frequente em função do aumento da obesidade infantil.
De acordo com a médica endocrinologista pediátrica Adriana Aun, do Vera Cruz Hospital, em Campinas, a diferença entre os dois tipos está na forma como ocorre a deficiência na produção de insulina e o excesso de açúcar no sangue. O DM1 é decorrente de um processo autoimune e com fatores genéticos. Neste caso, o corpo produz anticorpos contra as células beta pancreáticas, levando à deficiência de insulina. “Já no tipo 2, mais comum em pacientes adultos, existe uma grande influência do fator genético somado ao sedentarismo e à obesidade”, explica.
Os sintomas do diabetes infantil são sutis e, muitas vezes, passam despercebidos ou são confundidos com outras condições clínicas. Dessa forma, podem ocorrer diagnósticos e tratamentos tardios e, consequentemente, levar a agravos e comprometimento na qualidade de vida das crianças. Para evitar tais quadros, a família precisa estar atenta a determinados sintomas, a exemplo de perda de peso, aumento do apetite, de sede e de volume de urina, indisposição, irritabilidade e dificuldade para compreender e aprender (veja abaixo). “Estes são sinais que precisam ser observados com mais atenção”, avalia a especialista.
Diagnóstico
Embora o DM1 possa ocorrer em qualquer idade, a maior incidência tem sido observada durante a adolescência. O diagnóstico é feito por meio de exame laboratorial que mede a dosagem de açúcar (glicemia) presente no sangue. “Será considerado diabetes quando a glicemia for maior que 200mg/dL, avaliado a qualquer momento do dia”, descreve.
Quando dosada após um período de oito horas de jejum, a glicemia maior que 126mg/dL também já pode ser indício da doença. Além disso, a avaliação da hemoglobina glicada (acompanhamento da dose de açúcar no sangue por um período de três meses) é uma ferramenta auxiliar no diagnóstico, que aponta para a presença de diabetes quando a média é maior que 6,5%.
Tratamento
O tratamento se difere conforme o tipo diagnosticado. Assim, o tratamento do DM1 é feito com a reposição da insulina por meio de injeções subcutâneas, um hormônio anabólico que tem a função de regular a quantidade de açúcar presente no sangue. “Já no tipo 2, a terapêutica inclui medicamento oral (hipoglicemiantes) e mudanças de hábitos de vida”, especifica a médica. Entre os exemplos estão adoção de alimentação saudável e adoção de prática de atividades físicas que promovam a perda de peso.
Por ser uma doença crônica, o indivíduo terá de fazer o controle farmacológico e comportamental pelo resto da vida. De acordo com a médica, sem tratamento adequado a doença pode levar a inúmeras complicações. Entre os riscos mais importantes estão a cetoacidose – grave complicação metabólica que pode gerar internações –, amputação de membros, retinopatia, com danos aos olhos que podem prejudicar a visão, complicações renais e coma. A médica reforça que o papel da família é fundamental para garantir o sucesso do tratamento.
Sintomas
- Perda de peso
- Aumento do apetite, de sede e de volume de urina
- Indisposição
- Turvação visual
- Emagrecimento rápido
- Falta de vontade para brincar
- Irritabilidade
- Mudanças de humor
- Dificuldade para compreender e aprender
Recomendações para a família
- Oferecer apoio, mantendo a criança acolhida e motivada
- Estimular a prática regular de atividades físicas
- Oferecer uma dieta rica em frutas, vegetais, legumes e alimentos com baixo teor de sal e gordura
- Reduzir o consumo de alimentos industrializados, fast food, doces e refrigerantes
- Fazer acompanhamento médico e exames regulares
- Estimular o uso correto das medicações prescritas
- Controlar o peso