Pesquisas sugerem que a perda de peso está associada a maiores taxas de diagnóstico de câncer. No entanto, quase todos os estudos já realizados avaliaram códigos de doenças de perda de peso inseridos por médicos, em vez de medições de peso em série. Além disso, a maioria dos trabalhos incluiu um número limitado de tipos de câncer ou sem um grupo de controle.
Por isso, pesquisadores norte-americanos analisaram os dados do Nurses’ Health Study (NHS) e do Health Professionals Follow-Up Study (HPFS) para identificar associações de perda de peso recente com risco subsequente de câncer. Os cientistas também analisaram tipos específicos de câncer ao longo de mais de 30 anos de acompanhamento.
O estudo teve participação de pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP). A análise de coorte prospectivo envolveu mulheres com 40 anos ou mais que foram acompanhadas de junho de 1978 até junho de 2016, e homens com 40 anos ou mais do que foram acompanhados de janeiro de 1988 até janeiro de 2016.
A mudança recente de peso foi calculada a partir dos pesos dos participantes, relatados bienalmente. A intencionalidade da perda de peso foi categorizada como alta se tanto a atividade física quanto a qualidade da dieta aumentaram; média se apenas um aumentou e baixa se nenhuma aumentou.
De acordo com o pesquisador Leandro Rezende, da Unifesp, a perda de peso recente foi associada a uma taxa maior de diagnóstico de câncer durante os 12 meses subsequentes – em comparação com aqueles sem emagrecimento recente. “Os diagnósticos de câncer foram mais comuns entre os participantes cuja perda de peso foi classificada como não intencional com base em avaliações de mudanças recentes na atividade física e na dieta”, pontua.
Diferentes tipos
Embora o risco de câncer tenha sido maior em participantes com perda de peso recente, muitos tipos individuais incluindo mama, genital, urinário, cerebral e melanoma, não foram associados ao emagrecimento recente. Em comparação com participantes sem emagrecimento recente, a perda de peso maior de 10% foi associada a um risco significativamente maior de câncer do trato gastrointestinal superior, hematológico, colorretal e de pulmão.
A maior parte do risco excessivo para esses cânceres ocorreu dentro de um ano após a perda de peso ter sido identificada. Apesar disso, um risco significativamente maior foi identificado um a dois anos após a perda de peso, particularmente para cânceres do trato gastrointestinal superior. A quantidade de perda de peso foi semelhante entre pessoas com câncer em estágio inicial em comparação com aquelas em estágio avançado. Este dado sugere que o emagrecimento é identificado durante os estágios inicial e avançado do câncer.
Em conclusão, os dados analisados mostram que as pessoas com perda de peso nos dois anos anteriores tiveram um risco significativamente maior de câncer durante os 12 meses subsequentes. “Câncer do trato gastrointestinal superior foi particularmente comum entre participantes com perda de peso recente em comparação com aqueles sem perda recente”, sinalizam os autores. O estudo ‘Cancer Diagnoses After Recent Weight Loss’ foi publicado no jornal científico JAMA Network em janeiro de 2024