Nas últimas décadas, os probióticos surgiram como uma nova abordagem potencial para o tratamento de doenças infecciosas e de várias outras enfermidades. Embora a aplicação mais difundida seja para melhorar sintomas gastrointestinais, a interação entre o microbioma intestinal, os processos inflamatórios e a resposta imune sugere o possível papel dos probióticos em condições infecciosas não limitadas ao trato gastrointestinal. Por isso, cientistas italianos resolveram investigar a eficácia de uma mistura probiótica na redução da febre em crianças.
No ensaio clínico randomizado, os cientistas usaram uma mistura probiótica contendo Bifidobacterium breve M-16V, Bifidobacterium lactis HN019 e Lactobacillus rhamnosus HN001. O ensaio clínico foi realizado entre 19 de novembro de 2021 e 20 de junho de 2023, no Departamento de Emergência Pediátrica do Ca’ Granda Ospedale Maggiore Policlinico em Milão, Itália. Para o estudo, foram elegíveis pacientes pediátricos entre 28 dias e 4 anos de idade com febre (≥38,5 °C) e infecções do trato respiratório superior.
O estudo
Dos 128 pacientes inscritos (69 meninos com idade média de 2,5 anos), 65 foram aleatoriamente designados para receber placebo e 63 (49%) para receber probióticos. O grupo probiótico recebeu dose única diária de 0,5ml da mistura probiótica, enquanto o grupo placebo recebeu dose única diária de 0,5ml de placebo, sempre por 14 dias. O desfecho primário foi a duração da febre, definida como o número de dias entre o primeiro e o último dia com febre.
Resultados
Ao final dos 28 dias, a duração mediana da febre (IQR) foi menor no grupo probiótico em relação ao grupo placebo. De acordo com os pesquisadores, poucos eventos adversos leves foram relatados e não diferiram significativamente entre os grupos probiótico e placebo, incluindo constipação e dor abdominal. “A mistura probiótica encurtou a duração da febre em dois dias, uma diferença estatisticamente significativa em comparação com o placebo”, relatam. Em resumo, os resultados sugerem que os probióticos são úteis no tratamento de infecções do trato respiratório superior pediátricas.
As infecções do trato respiratório superior são prevalentes em crianças, levando a consultas frequentes de saúde, especialmente entre aquelas com febre. “Os probióticos mostram potencial como tratamento adjuvante para infecções do trato respiratório superior, mas as evidências em crianças são limitadas”, afirmam os autores. O artigo ‘Probiotics and fever duration in children with upper respiratory tract infections’ foi publicado em 2025 no JAMA Network.