A psicopatia é identificada por comportamentos que envolvem egocentrismo, falta de empatia e de remorso, comportamentos violentos e antissociais. Em resumo, este é um transtorno de personalidade em que pessoas manipuladoras não se responsabilizam por suas atitudes. Detectada em homens ou mulheres na vida adulta, o diagnóstico na infância é controverso, pouco formalizado e não deve ser baseado em comportamentos isolados. Entretanto, existem sinais na criança que precisam ser observados com atenção. Afinal, sem o cuidado e o tratamento adequados, os casos podem evoluir para condutas graves no decorrer da vida.
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID) e a comunidade médica, termos como ‘psicopatia’ não podem ser aplicados em crianças. Portanto, outras condições como o Transtorno de Conduta, Transtorno Opositor Desafiador (TOD), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem ser mais apropriados. Dessa forma, apenas comportamentos violentos e antissociais não são indicativos de psicopatia. Apesar disso, é provável que alguns pais já tenham se questionado se a falta de remorso ou de empatia de uma criança, diante de uma situação delicada ou agressiva, poderia ser sinal de um desvio de comportamento.
“Os pais ou cuidadores precisam estar atentos a condutas excessivas. E, na sua constância, é fundamental realizar uma avaliação com médico especializado em saúde mental para entender as origens que levam a esses comportamentos”, descreve o médico neurocirurgião André Ceballos, coordenador do Ambulatório de Neuropediatria do Hospital São Francisco, em São Paulo. Entre os sinais que merecem atenção estão falta de remorso e empatia, surtos explosivos e incomuns de raiva, manipulação, mentiras, indiferença com punições, hábito de incendiar objetos, de praticar maldade com outras crianças e crueldade com animais, entre outros.
Cuidados na primeira infância
O neurocirurgião observa que o primeiro passo para criar adultos saudáveis é cuidar da saúde mental desde a primeira infância. Isso inclui observar, monitorar comportamentos e acompanhar todos os marcos do desenvolvimento infantil. Portanto, a demora para atingir algum desses marcos ou a ausência total deles merece atenção e acompanhamento. “Falta de empatia e a ausência de interação social, por exemplo, podem ser preocupantes. Assim como as crianças que não demonstram interesse em brincar com outras ou que apresentam condutas agressivas persistentes”, comenta.
Caso os sinais sejam frequentes, as intervenções precoces são benéficas. De acordo com o médico, é essencial abordar comportamentos preocupantes com seriedade e empatia. “Os pais e responsáveis devem buscar compreender as causas subjacentes e fornecer o suporte familiar e profissional necessários, de acordo com a especificidade do diagnóstico”, destaca. Além disso, a família deve garantir que as crianças vivam em um ambiente seguro, acolhedor e saudável, com suporte emocional e rotinas consistentes.