Pediculose é o nome correto para a infestação de piolhos. Este parasita sugador de sangue se instala no couro cabeludo e causa muito desconforto devido à coceira intensa. Mais comum na infância, a contaminação ocorre principalmente em ambientes escolares, seja por proximidade (cabeça com cabeça) ou pela troca de objetos pessoais. Sem relação com falta de higiene, tipo de cabelo ou condições de vulnerabilidade, o tratamento para eliminar a infestação de piolhos é simples e eficaz.
Os piolhos que atingem os humanos (Pediculus humanus) são pequenos parasitas sem asas que se alimentam de sangue. Por causa da sua preferência por ambientes quentes, escuros e úmidos, se instalam nos cabelos e pelos. As fêmeas são capazes de colocar até 300 ovinhos (lêndeas) durante o seu ciclo de vida, propiciando uma grande infestação (pediculose) na cabeça do indivíduo. As lêndeas ficam grudadas nos fios de cabelo e eclodem entre 8 e 10 dias. Embora visíveis a olho nu, os piolhos são bem pequenos (cerca de 0,5 milímetro) e sua cor varia do bege ao castanho escuro.
De acordo com a dermatologista pediátrica Flavia Prevedello, do Hospital Pequeno Príncipe, a infestação de piolhos é mais comum no público pediátrico. “Os piolhos afetam principalmente as crianças que vão à creche ou à escola, devido ao maior contato físico. Elas brincam, se abraçam, compartilham bonés, brinquedos, escovas, pentes e almofadas, o que facilita a transmissão”, comenta. Professores, cuidadores ou pais também estão mais suscetíveis a se contaminar devido ao contato próximo com as crianças infectadas.
Sintomas
O principal sintoma da infestação de piolhos é a coceira intensa na cabeça, especialmente atrás das orelhas e na nuca. Entretanto, a criança também pode apresentar problemas para dormir, alteração no humor, dificuldade de concentração nas atividades escolares e irritações no couro cabeludo. “Em alguns casos, a coceira pode ser tão intensa que causa escoriação (lesão na pele). Essa condição pode levar a uma infecção bacteriana secundária, demandando cuidados específicos”, observa a dermatologista.
Prevenção e tratamento
Ao identificar a infestação de piolhos na criança, é importante fazer uma consulta com um dermatologista para a prescrição de produtos capilares e medicamentos recomendados. Além disso, o tratamento pode ser feito em casa, com a remoção manual das lêndeas usando pentes finos. A dermatologista sugere uma mistura caseira de partes iguais de água e vinagre branco, que ajuda a desprender as lêndeas dos fios de cabelo. “No entanto, se a pele do couro cabeludo estiver muito irritada, é melhor evitar essa mistura e usar apenas o pente fino”, alerta.
Para prevenir a reinfecção é indicado que todos os membros da família sejam examinados e, se necessário, tratados simultaneamente. “Evitar o compartilhamento de escovas, pentes, toucas e bonés é fundamental. Além disso, uma inspeção periódica da cabeça das crianças pode ajudar na detecção precoce”, completa. Mesmo com o tratamento feito em casa, recomenda-se que as crianças com cabelos compridos frequentem as aulas preferencialmente com os fios presos em coque, para minimizar o risco de infestação. Além disso, os pais devem comunicar à escola sobre a contaminação para que sejam tomadas as medidas necessárias.
Mitos sobre o piolho
- O piolho pula de cabeça em cabeça –Por ser um inseto sem asas e estrutura física que o permita voar ou saltar, a transmissão ocorre exclusivamente pelo contato físico próximo. Ou seja, cabeça com cabeça e na troca de objetos pessoais, como bonés ou pentes
- Animais transmitem piolhos –O contágio é apenas entre seres humanos. Os piolhos que afetam os animais de estimação não são transmitidos para as crianças
- Adultos não pegam piolho –Todas as pessoas podem ter pediculose em algum momento. No entanto, as crianças em idade escolar estão mais propensas por causa da proximidade diária
- Lavar o cabelo com mais frequência diminui o risco da contaminação – Apesar de o piolho também gostar de fios limpos, a falta de higiene pode facilitar a disseminação
- Tratamento caseiro com vinagre ajuda a matar as lêndeas –O vinagre não mata o inseto, apenas facilita a remoção das lêndeas com um pente fino
- Medicação antiparasitária garante a imunidade contra piolhos –A transmissão do parasita não é evitada com o uso desses medicamentos. O contágio ocorre pelo contato físico e compartilhamento de objetos contaminados.
