O câncer gástrico (CG) em estágio avançado frequentemente sofre metástase peritoneal (MP), o que impede o processo de cura. Sabe-se que o diagnóstico precoce pode mudar o quadro evolutivo dessa neoplasia, entretanto, ainda não existe um biomarcador confiável para prever o seu início. Na busca por respostas, pesquisadores têm trabalhado para identificar biomarcadores convenientes e não invasivos. Recentemente, um desses estudos identificou que a bactéria gram-positiva Roseburia intestinalis é um marcador microbiano protetor. Portanto, sua abundância reduzida na microbiota intestinal poderia ajudar no diagnóstico e tratamento prévio do CG com metástase.
Para as análises, o estudo incluiu uma coorte de 92 pacientes com a neoplasia e 50 controles saudáveis, recrutados no Cancer Center of Union Hospital, Tongji Medical College, Huazhong University, China. Os autores descrevem que, entre os pacientes com CG com metástase, 38 (41,30%) tinham MP detectável, enquanto 54 (58,70%) não apresentavam esse tipo de metástase (não MP). Os tumores foram encontrados predominantemente no corpo gástrico (28,95%) e antro/piloro (31,58%). A classificação patológica revelou muitos casos com adenocarcinoma de baixa diferenciação.
A riqueza e a diversidade da microbiota intestinal em amostras fecais frescas foram comparadas entre os grupos de pacientes MP e não MP. A partir das análises, os autores observaram um aumento significativo na abundância de Aquabacterium intestinalis em pacientes com CG, indicando seu potencial como um biomarcador preditivo para detecção precoce da doença. Além disso, a abundância de Roseburia intestinalis em pacientes com MP foi significativamente menor em comparação aos não MP. “O achado mais importante foi que a diminuição na abundância de Roseburia intestinalis previu efetivamente o início de MP”, destacam.
Probiótico
A Roseburia intestinalis é um probiótico gram-positivo que constitui 2,3% da população geral de bactérias intestinais em humanos saudáveis. Além disso, está envolvida na produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), particularmente butirato, que podem regular a geração de energia e inflamação contra patógenos. “Dessa forma, a diminuição da sua abundância pode ser um biomarcador valioso e confiável para detecção precoce e alvo terapêutico para o tratamento do CGMP”, afirmam os autores. O artigo ‘Gut Roseburia is a protective marker for peritoneal metastasis of gastric cancer’ foi publicado em agosto de 2024 na Wiley Online Library.
